INVASÕES

Você tem me invadido diariamente

Tomado conta de todos os meus aposentos

Descoberto espaços que eu desconhecia

Descobre e instala-se

A despeito da minha agonia

Já não sinto o meu cheiro

Perdi o mapa que demarcava minhas fronteiras

Não sei mais onde vou desaguar

Nem os meus músculos eu reconheço

Não é o meu coração que ensaia essa taquicardia

O meu velho comboio de cordas que eu conhecia

Era calmo, muito calmo

Dormia cedo, falava baixo

Nunca fora chamado a atenção

Pois não era adepto à rebeldia

Hoje me descompassa, me transpassa,

São tambores do meu maracatu sentimental

Toca alto dentro da minha igreja

Quando você chega, passa e finge nada de especial

Seduzindo-me com o teu cheiro de poesia.