O coração e seus despertadores

Feliz do Coração que

mesmo a contragosto da razão

consegue largar o osso

frio em que se abrigava,

Afogar o poderoso medo,

Abrir mão do leito morno

para arder em brasas

Mais felizes ainda

são os seus despertadores

que a despeito das dores

Roubam a sensatez, o chão

e implantam asas

Projetam insistentemente

nos ouvidos das flores

O canto dos pássaros, das cigarras

Das correntes que mantêm cativos os apaixonados

Fora de suas casas

Do despertar ao adormecer das cores.