VÔMITO DE POESIA

Bate-me um enjoo

Uma angústia, agonia

Corro ao banheiro

Olho para o vaso:

Vomitei a poesia!

Uma louca vontade

De jogá-la ralo a fora

Livrar-me logo desse mal

Mas ela despe-me

Com seus versos

Vejo-a incansavelmente linda

Tão minha, tão tua,

Fortemente frágil

Quase em estágio terminal

Aconchego-a no colo

E ela faceira

Põe-me pra dormir

Quando acordo

Êpa! Cadê ela?

Já deve estar contigo

Entregando-te meus segredos

Meu coração, meus medos

Que pinto no corpo dela

E essa alcoviteira

Sussurra todos a ti.