CORAÇÃO DE CONCRETO

Decidi comprar cimento,

Areia, ferro, brita

para blindar

meu coração de manteiga

E ninguém nunca mais entrar

Não quis pedreiros

de mãos grosseiras

Eu mesma fiz o serviço

Mas sem muito manejo

Nem experiência nesse ofício

Poupando a água doce

já que a seca é de lascar

fui usar água salgada

justamente daquele mar

Não é que a miserável

me traiu

E além daquele arrepio,

toda vez que ela passa,

Meu coração de concreto

já todo rachado

se enche de graça

E ameaça quebrar.