A Fuga do Poeta
Ela saiu de casa
Sem lápis, papel, nem memória
Disposta a matar todos os versos
Que cruzassem o seu caminho
Estava decidida:
Era o seu dia de glória
Desejava estar só
Sem sussurros, santos, demônios
Sem essa história
De instrumento, ninho
Exausta da escravidão
Fugiu para longe de si
Abandonou sua alma
Adormecida à cama
Em concha com aquela dor
Deixou um amargo bom dia
Saiu sem a roupa do couro
Para não ser reconhecida
Vã ilusão...
Nem dobrou a esquina
Esbarrou com a poesia
Que voltava bêbada dos bordeis
Com seu hálito de uísque e cheiro de vadias
Agarraram-se na rua
E do rio que escorreu dessa agonia
Nas paredes imundas
Ela escrevia, escrevia, escre...v...i...a.