Soneto XXVI

Importuna razão, não me persigas;
Cesse a ríspida voz que em vão murmura;
Se a lei de amor, se a força da ternura
Nem domas, nem contrastas, nem mitigas:

Se acusas os mortais, e os não abrigas,
Se (conhecendo o mal) não dás a cura,
Deixa-me apreciar minha loucura,
Importuna razão, não me persigas!

É teu fim, teu projeto encher de pejo
Esta alma, frágil vítima daquela
Que, injusta e vária, noutros laços vejo!

Queres que fuja de Marília bela,
Que a maldiga, a desdenhe; e o meu desejo
É carpir, delirar, morrer por ela.




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Du Bocage
Enviado por Ariadne Cavalcante em 04/02/2013
Reeditado em 18/03/2015
Código do texto: T4122664
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