A SOMBRA....UMA FÁBULA

Outrora a Meca era Calabar

Suntuosa perola do Oriente

Cidade do bom aroma e paladar

Da lua cheia e do sol nascente

Península dourada a beira mar

Rainha do luxo e da imponência

Refúgio do grande marajá

Luz da cobiça e da querência

Com sua arquitetura babilônica

Fomentava uma ostentação nababesca

Na grande torre desenhada de forma harmônica

Ou nas pequenas estatuetas de figuras dantescas

Certa noite porém, do céu vieram asas de sangue

Que vorazes, tomaram de assalto toda a cidade

O seu povo acuado mantinha um olhar langue

Em meio a um misto de medo e de perplexidade

Calabar era agora, uma cidade infernal

Dominada por terriveis criaturas aladas

Amaldiçoado se fez maldito, o local

Santuário perdido das almas condenadas

Durante longos anos Calabar pairou subjugada

Prisioneira da horda das sangrentas criaturas

A morte antes temida, se tornou adorada

Moradias não passavam de tétricas sepulturas

Porém eis que em um dia, alguém ali chegou

Entrecortando passo a passo as ruínas da cidade

Sequer lamentou a desolação que encontrou

Trazia no semblante a altivez e a serenidade

Cientes do novo fato, as feras voaram para Calabar

Na busca ávida, pela destruição do estranho visitante

Porém foram surpreendidas e tentaram em vão retornar

Ao avistarem uma assustadora sombra gigante

A sombra trouxe a noite naquela tarde já escura

E o frio foi chegando como uma invisível peste mortal

A chuva desabou carregada de dor e de amargura

Na tempestade ouvia-se a dissonância do som gutural

Então uma lâmina cor de prata cintila em meio a tormenta

Destroçando velozmente uma a uma, cada criatura alada

Formando uma pilha de carne morta sobre a rua lamacenta

Preenchendo de sangue toda aquele paisagem malograda

A tempestade continuou a varrer aquele triste lugar

A sombra algoz só parou ao findar de sua missão

A chuva carregou o lixo e o sangue para o mar

A cidade em silêncio aguardou, pelo fim da escuridão

Raios de sol trouxeram também do céu, a luz da redenção

Calabar então pairava livre, pela fé, pela sombra e pelo corte

Quem sobreviveu, aprendeu a solene lição

De que ninguém pode fugir, do implacavél alfanje da morte

Ciro Bevilacqua
Enviado por Ciro Bevilacqua em 11/12/2012
Reeditado em 20/02/2013
Código do texto: T4030596
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