SILÊNCIO

Quero o Silêncio...

ouvir o Silêncio,

pegá-lo no colo,

beijar sua face

e brincar loucamente com ele.

Quero me embriagar de Silêncio

e por um instante...

pensar que estou morta

sobre as árvores dos cemitérios

O Silêncio que dá vida à Natureza,

canto dos pássaros,

orquestra dos ventos,

dançar das folhas...

Só Ele a testemunhar minha insensatez auditiva

no meu quarto escuro

o Silêncio a caminhar pelas ladeiras de Olinda

a chorar o fim do carnaval

a tropeçar nas ruas do Recife Antigo

O Silêncio desumano...

Que vomita, passa mal

O Silêncio do teatro cheio

E dos meus dias frios

O Silêncio que me prostra

diante do espelho

apenas eu e o Silêncio

que guarda minhas verdades

Silêncio que berra dentro de mim

Que me quebra ao meio

Alimenta minha poesia

Fita-me sem piedade

com seu olhar de fome

sobre meu prato vazio.