CONDESSA DE ÓCIO

E ela amou muito naquela noite

Amou profundamente

plenamente

sinceramente

Ela amou como nunca houvera ter amado

Amou à plenos pulmões

à correr solto os gritos de sua alma,

em desejo de libertação

Amou sem dúvida

sem estremecimento

Com a volúpia que sabia ser mais forte em si

Amou para sempre

e para nunca mais

Amou como os garanhões, em cios kilometrais

Amou na esperteza de sonhos poderosos

Amou como se nunca houvera visto antes

Amou para ser história

de sua própria história

Amou... Amou... Amou...

Porque conhecia esses sinais...

Já houvera outros tempos...

Já os conhecia inefavelmente

Já sabia de seus desígnios

em sua pele

em sua via

em seu corpo

Já os sabia que viriam

- absurdamente em silêncio -

Já os conhecia de seus próprios relatos

de suas quimeras inaproveitáveis

Já os sabia perto...

Muito perto... muito!

E, inexplicavelmente, desta vez,

já não lutaria mais

- já fora o tempo de combate! -

o tempo de renegar

o tempo de ampliar

E se deixara abraçar até o último suspiro

Até a última gota de amor

E se deixou ser amada até sua alma se sentir habitada

Ser habitada... pela morte!

e suspirou feliz...

Porque amara e fora amada

por toda uma vida!

(Negra Noite - 16/11/2012- 00:00h )

Milena Medeiros
Enviado por Milena Medeiros em 17/11/2012
Reeditado em 17/11/2012
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