Grito no silêncio
Grito no silêncio
Quero que o silêncio grite por dentro,
Nenhum eco é esboçado pela garganta...
Tantas sofreguidões...pouco alento!
Tento sentir-me feito sombra
Não existe sol nesse dia nublado e sem luz...
Nada me seduz...sem ti..sentindo, sinto...
Miraste o alvo, erraste a pontaria
Não sou cavalo, para me fazeres de montaria.
A mesma flecha que atiraste, fez volta em círculos
E foi cravada em teu próprio peito em espinhos e dor...
Causa e Efeito, Lei infalível no universo
E rogo a ti, verso...me proteja.
Procuro a mim em mim mesmo e não me encontro
Perdi-me no eixo do meu sistema nervoso.
Despi-me e atravesso as paredes intransponíveis
E invisíveis dos muros, procurando meu ser
Que em mim não cabe e esvai-se líquido...
Cavalgo por planícies e montanhas
Observo paisagens perdidas no horizonte
Querendo encontrar além de mim. As respostas que possuo.
Auto flagelo, sangro, dane-se o que pensam os outros
Cuidem de seus deuses, que cuido dos meus danos
Embrulho com arame farpado os desenganos
E nessa vida...Salve-se quem puder!
O resto é troco em moedas....
Cada um vive no seu galho, feito macaco
E somos descendentes de símios, creia.
Não sou de varrer a poeira para debaixo do tapete,
Mesmo assim visto à camisa pelo avesso.
Retiraste as estrelas que brilhavam em mim
E vou recolocando-as, uma à uma
Num tricô de expressões numa exaustão sensitiva e absoluta.
E volto a ser lusco-fusco...
Vá com suas certezas concretas, para os céus dos infernos...
E desejo que ileso, saia
Apenas com os pelos chamuscados, por labaredas
Para que a banalidade de t'alma, fique acesa...
Só palavras desencontradas nesse trevo de palavras.
Percebo uma presença inerte no grito do silêncio,
E a ele agradeço a companhia...
Tenho o amor incondicional de um dog!
Isso me faz refletir sobre a natureza humana.
Tentei dormir o sono dos desesperados e creio
Em pesadelos quando acordo...segundo à segundo...
Em ti pensando...pensamentos sem freio, estonteio.
Despenco ladeira abaixo num devaneio desconhecido
Queria ser o que era antes de ter-te conhecido...
Existia um sol comigo, desaparecido agora...
Nuvens se camuflam no infinito de mim mesmo
E tento descobrir-me sem sucesso.
Sou o revés do tudo que foi belo um dia...
Salve-me poesia.
Tony Bahia
Texto inspirado em: "Pequeno Meteoro" do poeta Francisco Cavalcante.
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