À BEIRA-MAR

Murmúrios... ... ...

Bem longe...

Ouço... Murmúrios... ...

Tudo é silêncio... Em mim...

Tudo é silêncio... ...

O vento frio na minha pele.

Já não ouço o canto da gaivota.

O sol se foi.

Os sons abafados, gritos, buzinas, conversas...

Tudo se foi... É silêncio agora.

Agora tudo é silêncio.

O brilho estonteante,

Cede lugar a uma claridade tênue,

Calma, fria,

Silenciosa.

É fria.

É nova.

É bela.

É prata.

É d’ouro.

É rica.

É sonho.

É sono.

É vida.

É noite.

É lua.

Bem perto ouço murmúrios...

É o mar...

O grande mar.

O vai e vem das ondas que nunca cessam.

Vão e vem sempre... Sempre.

O meu coração

Chegam e vão lembranças

Tão cândido o luar

Tão sublime o amor

Tão triste estou

Prateia a minh’alma

Enobrece o meu corpo

Dourado, queimado, doído.

Espelho dourado

Prateado

Azul escuro

Preto

O vermelho se mistura ao ouro

Ao branco da areia

Ao sereno da solidão

Ao brilho opaco da lâmina.

09.05.91

CARLOS MOREIRA
Enviado por CARLOS MOREIRA em 17/08/2012
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