Leva, oh vento

Leva, oh vento, a minha agonia

Para outras paragens, pois o céu de minha vida

É feito de luz, precisa brilhar

Leva, oh vento, minha covardia

De descobrir o meu ser, meu projeto de vida

Neste chão rarefeito preciso trilhar

Leva, oh vento, a noite tardia

No breu de tua sombra, meu sonho de vida

Reluz como ouro, preciso gozar

Leva, oh vento, essa coisa tão minha

De tocar o teu corpo tão cheio de vida

Apenas para te conhecer, sem nada lhe tirar

Leva, oh vento, toda essa cisma

De que olhar para tudo não significa

Que o que não posso ver, não pode estar lá

Leva, oh vento, toda hipocrisia

De homens sem prumo, cujas metas de vida

É tomar o poder para nos governar

Leva, oh vento, essa fase sombria

De um povo que luta e que sonha com a vida

Sem martírio nem medo a lhes atazanar

Leva, oh vento, toda a poesia

Desde o magma da Terra a toda utopia

Que o poder dos teus versos nos faça brilhar