O PAÍS DE MOSSORÓ
A cada cidadão que encontro dormindo na calçada,
A cada mendigo jogado na rua, completamente drogado,
Morre um pouco do sonho de ver minha cidade transformada...
A cada pedinte que encontro nas portas das lojas ou na rua,
A cada mulher dormindo na calçada, mesmo em noite de lua,
Morre em mim a esperança de ver este mundo mudado...
Gente tratada como entulho, histórias descendo pelo ralo,
Vidas desfeitas, sonhos abortados pela impunidade,
Desenhos feitos de sangue espalhados pela cidade.
Misturado ao lixo jogado nas ruas da cidade
Homens pintados pelo descaso e desleixo,
Desenham o autorretrato a humanidade...
Enquanto isso...
A mesma cidade abriga edifícios, casarões,
Comércio, indústrias, construções
Riqueza, cultura e muita sofisticação...
Pelas mesmas ruas caminham pessoas
Carregadas de sonhos e esperança
Alimentando o desejo de mudança...
Praças belas e coloridas, lojas de departamentos,
Teatros e cinema, casas de entretenimento,
Museus, sorveterias, Shoping, restaurantes...
Uma cidade como outra qualquer,
Com livrarias, jornais, editoras, pizarias, café
Igrejas, hospitais, bares e mercados...
É a minha Mossoró de Santa Luzia,
Terra do sal, do sol, do petróleo, da liberdade
Cantada em cordel, prosa e poesia!
É assim que vejo e sinto minha cidade,
incoerente, com graves problemas estruturais,
É o meu País de Mossoró*!
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Auto-retrato. Saiba mais, conheça os outros textos: http://encantodasletras.50webs.com/autoretrato.htm
*Era assim que Vingt-un Rosado(membro da família que "manda" na política local há várias décadas), referia-se a Mossoró.