EU DE PAPEL
Quando penso e não digo: escrevo.
E o medo de repente se transforma, veste a capa, vira coragem
Quando minha dor se camufla em sorriso: escrevo.
E a realidade é negra e crua na minha página, mas é a verdade, é o que sou.
Então a liberdade me toma pela mão e juntas percorremos campos de trigo.
Conquistamos montanhas e vales distantes, com a ousadia dos loucos, a confiança dos reis.
Somos irmãs nessa missão: desbravar coisas, abstrações.
Trazer a tona o coração.
Quando me escondo e não brilho: escrevo.
E a luz no fim do túnel se torna um clarão, e cega, dilata pupilas em luz.
E saio da caverna, como sou: borboleta sem casulo e voo.
Quando posso e não faço: escrevo.
E o desejo agora é concreto, escada para o fim que almejo.
Então uma parte de mim já não morre.
É resultado em movimento.
E na penumbra que eu vejo, que o mundo vê.
Eu vejo o sol lá de dentro.
Quando sou e não existo: escrevo.
E me revelo de repente, como nunca me viram, como nunca sentiram.
Assim, transparente sem nada a perder.
Completa e vazia.
Pronta pra ser.