O «Dedo-de-Deus». Serra dos Órgãos. Rio de Janeiro
 

«A poesia é o inutensílio. A única razão de ser da poesia é que ela faz parte daquelas coisas inúteis da vida que não precisam de justificativa. Porque elas são a própria razão de ser da vida. Querer que a poesia tenha um porquê, querer que a poesia esteja a serviço de alguma coisa é a mesma coisa que querer que o orgasmo tenha um porquê, que a amizade e o afeto tenham um porquê.»   
(Paulo Leminski)

 

Estas palavras de Leminski levam a profunda reflexão. Para muitas pessoas «inútil» é a palavra que mais define o verdadeiro sentido da poesia. Ainda bem que outras pessoas pensam de maneira deferente e que, para elas o significado e o valor da poesia não precisam ser justificados, pois ela é a própria razão de ser da vida.  Quem quiser conhecer o inexplicável da poesia, leia, com olhos de ler, declame ou cante um poema de Quintana, Cecília, Florbela, Pessoa, Neruda ou Shakespeare. E depois escreva-o numa folha em branco e exiba-o para o mundo. 

   O GANHO DO POETA
 

O ganho do poeta
É tesouro de valor
Incalculável,
Prazer infinito,
Incomensurável!
A poesia serve para evacuar
O que na alma sente,
O que não consegue manter
Aprisionado na mente.
Um simples papel
Consegue transformar
Em algo precioso,
Quando nele coloca
Seu sentir
(Seja alegre ou doloroso).
Mago, alquimista,
Transforma letras em versos,
Frases em quimeras e sorrisos,
Estrofes em satisfação.
Rima?
- Não é preciso!
Com suas palavras ensina,
Sem ser professor,
Aos caminhos da reflexão,
Leva o leitor,
Mexe com os sentimentos
Que moram no coração.
O poeta ganha sonhos
E sonhos faz ganhar,
Sempre que a poesia
Toca seu interior,
E, depois, ternamente,
De si mesmo se esvai,
Como chuva
Que lentamente,
Do céu cai,
Tornando-o mais sensível,
Mais real, mais humano.
Não é concreto esse ganho,
Não é palpável
Essa verdade

Que traz incalculável
Liberdade.

Ganho maior não há
Do que a satisfação
Que a poesia dá…
Um nada que é um tudo reverso
E um tudo que é um nada profundo,
Para o poeta,
Que em emoções e versos,
Se dá… à vida e ao mundo…



Inspirado na pergunta: «O QUE EU GANHO deixada no ar pelo belíssimo poema da brilhante poetisa Ana Bailune. Visite o blog da autora onde poderá ler este poema
entre outras lindíssimas criações:

http://ana-bailune.blogspot.com.br/2012/05/o-que-eu-ganho.html
 

(Ana Flor do Lácio)
Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 23/05/2012
Reeditado em 24/07/2013
Código do texto: T3684677
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