Estou bem.

Perguntou-me como estou, meu pobre raiz.

Disse eu: estou bem, bem

estou bem, vem

vento vai, vento vem, e agora eu estou bem, antes não.

Venha com o vento ouvir o que sucedeu.

Perguntou-me como eu estava, meu triste chafariz.

Disse eu: Estava de mal a pior,

triste nas gotas, no balanço dos acontecimentos,

sentindo na pele o que é a angústia matinal da noite, meu caro.

E no embalo da conversa, abriu-se para outros.

Perguntaram-me como eu estava, meu regozijante aprendiz.

Disse eu.. na realidade, nada disse.

Logo, não respondi, calei-me perante a curiosidade.

Perguntaram-me como eu agora estou, meu amigo matriz.

Disse eu: o meu alegre embalo já não os responde?

Sem sorteio de palavras e assuntos,

no meu chamar em sua janela,

com alegria carregada nos ombros, já os assiste.

Por amor, não querendo ver o mal dele,

retruquei-lhe, e perguntei eu: como estás?

Disse que em meio a transtornos e dúvidas, está bem de chorar.

Com as lágrimas da alegria, de um bom homem cingido.

Disse ele, meu companheiro de leve cerviz

que não teve rancor, ou guardou qualquer ressentimento.

Perguntei eu com ardor de palavras: como estavas?

Diz ele, que de bem e mal,

bem a pior,

mal a melhor, eu entendo.

Sendo por educação, pergunto também para eles:

Como estão?

Sem algum suor de esforço repentino,

com palavras secas respondem-me: bem.

Se mentira, se verdade, cadê a intimidade?

Ela correu, distanciou-se, nunca veio a existir,

Um ou outro fala de mal,

mas põe um belo sorriso escrito no bolso,

diz-me que precisa fazer algo sem explicação prévia,

e vai, vai.. vai embora.

Esqueço que ninguém se importa,

e nem bate na porta.

Se batem, é para pedir pão fresquinho,

fala que é melhor amigo,

e nunca mais o vejo,

puro interesseiro,

esse é o coração do ser humano,

não nos importamos.

Respondo-lhe com amor, franqueza.

Respondo-lhes como seminarista, professor de doutrina.

Por que?

Estou eu errado também.

Cadê a intimidade?

Ela tem de ser gerada, nas dores de parto dos nove meses,

demora, porém chega, não tardia

por geral a falar.

Ah, sabe como é, meu livre amigo.

Somos como o vento,

de pele recém queimada,

e fatigados pelo momento breve.

Perguntei pois me perguntaram,

respondi pelo fato.

Não busquei no corpo saber como o irmão distante está,

também não tornei meu primo para irmão.

Triste, não?

Perguntamos com intimidade e fervor entre apenas nós, não?

Intimidou-me. Com sua intimidade.

Devo fazer o bem, sem esperar aquém, triste raiz.

Sem olhar para quem.

Perguntar sem ser perguntado, grande dificuldade,

buscar sem ser buscado, pelo caráter regenerado.

Onde estaria a condição, amigo de parto?

Seria nula, em alegria!

Fez-me bem, fazer-te-ei bem? Não, repugnante isso.

Sem barganha, fazer-te-ei o bem, sem espera por volta.

Um corpo, inteiramente interligado.

Mas no meio dessa tão grande verdade..

e você, meu amigo raiz,

meu irmão de sangue trino,

como está?

Eu.. eu estou bem, não minto.

Depois de tudo, te contei e memorizei,

estou muito bem, graças a Deus.

Mas e você, como está?

Me importo.. espero eu.

Se não?

Vamos rogar.

Depois de você me contar,

como você está,

para eu sentir meu ser humano gritando..

vamos aprender juntos, um com o outro.

Mas antes de tudo,

como você está, meu bom amigo?

[19/05/12]

Cesare Turazzi
Enviado por Cesare Turazzi em 19/05/2012
Reeditado em 02/09/2012
Código do texto: T3676991
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