AINDA QUE SOFRA...

Os vastos motins quando nos sonhos me tocam.

Só revelam o bem que em muito verso desperta.

Triste por sofrer a ferocidade com que me socam

Mas, feliz pelo empenho de criar a emoção deserta.

Talvez quem leia enterrem-me sem ter atentado,

Que se embora esteja definitivamente imperfeita

Não nego a essência que deveras, tenha faltado

Por compensar a brevidade que acabou desfeita.

A poesia é a companheira mais formidável

Mesmo pra quem aparente estar de fora

Desejando-a, será boa, se vier do coração

Tornando-se da ilusão amante inseparável

Ainda que sofra, escreva! Como fiz agora.

Pois, ela deixará, no ar, uma leve sensação.