Clouds Still Lingering

Eu sou aquele pedaço de cocô de cachorro, amor

Que foi cagado na quina da guia

E oscila entre a queda na sarjeta

E a segurança de um pisão.

Eu sou aquele pedaço de papel de bala, amor

Que foi jogado do décimo quinto andar

E voa ao sabor do vento, rodopiando

Mas sempre em queda. Sempre.

Eu sou aquele campeão catalisador de inveja, amor

Vê aquela estante? Aquele móvel imóvel?

Há nele todos os trunfos que consegui;

Há nele todos os meus fracassos.

E você no centro.

O mais bonito

O mais árduo de conseguir

E o tão mais fácil de perder.

O mais paradoxal dos axiomas

O mais controverso dos contra-sensos

O mais odioso dos amores e vice-versa.

Eu sou essa lágrima que escorre pelas minhas têmporas

Amor, e que cai dentro do telefone pressionado à orelha

Eu sou todo esse desejo, amor, que um choque surja

E mande a um ossuário toda essa minh'alma/carcaça

Enchorumada, corrompida, conspurcada e suja.

16/04/2012 - 01h20m

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 16/04/2012
Reeditado em 01/09/2012
Código do texto: T3615159
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