"doce víbora"

Há espécies diversas, no reino animal;

Sem rumo, às vezes sem prumo, dispersas, atentas...

Matizadas, manchadas, lisas, muitas delas pintadas;

Incertas, certas, no vai-e-vem da vida; mas desfilam...

Deslizam suavemente e até encantam, paralisam, incomodam;

De soslaio quando passam, observa tudo ao seu redor;

Não lhes escapa nada; discretamente mapeiam e condensam as imagens.

E continuam... deslizam suavemente; encantam...

Algumas delas são protegidas evitando a extinção da espécie;

Outras... com suas escamas de proteção própria se esquivam suavemente...

Seus ataques são fatais, sem piedade; o analgésico vai direto no coração;

Suas vítimas sem ação, deixam-se envenenar imperceptivelmente.

Quando atacadas, cria-lhes feridas profundas, cicatrizes inapagáveis;

Licoroso e amargo, o veneno percorre as veias lentamente...

No primeiro instante, causa-lhes cegueira;

O antídoto deve ser ministrado em tempo hábil, evitando a fatalidade.

Sobreviventes; continuarão entrando campo a dentro sem proteção alguma;

Ao crepuscular, serão encantados... atacados... paralisados...

Sem resistência pela magia encantadora da serpente;

Nada mais a fazer, entregam-se ao doce e amargo beijo da amante víbora.