Memórias do tempo
Me vejo hoje criança sem saúde a brincar só,
O tempo que passa, e não me faz esquecer,
Dores, dissabores, tudo que poderia viver.
Tive para morrer, desde que nasci,
O cordão umbilical no pescoço,
A vida iniciada na incubadora.
O tempo que atinge uma menina de quatro anos,
Cirurgia de 12 horas, e tratamento de um refluxo urinário.
Necessário exames todos os anos,
Médicos que apostaram em desenganos,
E, aqui estou eu.
Aos quinze, um apêndice que quase me levou.
Mas, no frágil corpo, algo novo ressuscitou.
Assim, foi a vida, e nas memórias de um tempo,
Penso por que sou assim:
Firo as pessoas, mas já fui muito ferida,
E, a vida ainda me tirou abortivamente um filho,
E, um outro ser que amava após sofrer um cateterismo.
O sofrimento me envolve, me envelheceu,
Embora um lado meu seja infantil, o outro está senil.
As pessoas me julgam demais,
Não há necessidade, pois tenho minha auto avaliação cotidiana.
Sou humana, passível de erros, mas não quero errar.
Sou apenas alguém, sem amigos...
Que busca no mundo das letras um sorriso preciso, amigo.
Sou melindrosa, sou alguém que busca a constante perfeição,
E, que muitas vezes briga com Deus em decorrência da humana situação.