eu te imagino

eu te imagino como gozas

eu idealizo os teus gozos e sussurros

nos teus quartos escuros

às escondidas com tuas mulheres

que eu tanto queria tê-las

de vertigens nos meus braços

como tu fazes com as tuas putas

sádicas, volúveis e vadias

e as vejo com caras de tez

saciadas, livres e lavadas

com os prazeres que tu proporcionas

a todas elas

como o leão na selva, molhado pela tua volúpia

pelo teu cio, pelo teu escândalo de ter tuas fêmeas

por entre os teus másculos músculos

por entre tuas coxas e pernas grossas

e bunda maçica, roliça

e tuas costas largas

e tua pele macia

e teus olhos funis, azulados de negros que são

comi as tuas putas

todas elas

mas percebi a falta de teus atributos

que elas não viram em mim...

e com esse déficit que míngua rios

a secarem em minh'alma

o peso do não ter voce como suborno,

como álibi, dublé de mim

e não percebo a loucura

de querer ser o que eu não sou

perante a divindade do quem voce é com tuas mulheres

pelas esquinas largas dos teus prazeres infinitos

diante da finitude de mim mesmo face a face

as tuas loucuras como macho

como deus-prostituto

como menino-grande-homem

como vagabundo de tuas noites

e os restos de mim mesmo

perante os meus sobejos

causados pelos equívocos

e da miopia do meu olhar segredo-sagrado

bastardo e absoluto

e me estilhaçar nos esconderijos

da minha alma que eu mesmo

covardemente construir

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 08/03/2012
Reeditado em 21/05/2013
Código do texto: T3542135
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