VIDAS

GILBERTO BRAZ ALMEIDA

Vidas feitas de migalhas

levadas pela brisa como se fossem palhas

soltas pelo mundo sem sandálias.

Vidas infrutíferas e vagantes,

como a luz que vai ao longe num instante,

deixam rastros porque são andantes.

Vidas cobertas de farrapos,

grotescas com os sapos

e que nunca usaram guardanapos.

Vidas famintas e desagasalhadas,

que dormem ao relento nas estradas

e que de orvalho amanhecem molhadas.

Vidas de pobres sem cultura,

de infelizes criaturas,

que só herdam as sepulturas.

Vidas feitas iguais a minha vida.

De que valem minhas estradas floridas

se nada fiz por essas vidas.

gilbapoeta
Enviado por gilbapoeta em 05/03/2012
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