ROSA DA ALHAMBRA

Os seculares muros da esplêndida Fortaleza Vermelha

Guardam inimagináveis riquezas, preciosíssimas gemas

Mas o bem mais inestimável cujo brilho se lhes assemelha

Caminha pelas floridas alamedas nas tardes ingênuas.

Rara beleza a cruzar as arcadas do rico palácio imponente

Ornado de arabescos, de abóbadas rendilhadas a ouro

Mana mel de teus olhos de gazela, olhar terno e inocente

Brancos véus adamascados te envolvem como um tesouro.

Teu paraíso é o jardim de murta, lilás e flores de laranjeira

Onde te destacas como a rosa de perfume assaz inebriante

Morenas mãos, delicada arte em terracota, linda trigueira

És a moura que recende a sândalo de aroma deslumbrante.

Jovem mais formosa não poderia haver em toda a Granada!

Pérola engastada entre as colinas esmeraldinas de Andaluzia

Em teu idílio junto às fontes de fresca água límpida, sagrada

Róseas pétalas sobre os magníficos chafarizes tu espargias.

Mas a serenidade de teu lar foi desmantelada sem piedade,

Apavorada, divisas fogo e fumaça, armaduras e canhões

É a chamada Reconquista que arrebata vidas em combate

Ambição, intrigas, mentiras que engendraram cruéis traições!

A gentil Rosa, inerme, se recusa ser profanada pelo inimigo

Resiste nobremente enquanto a Fortaleza é logo invadida

Ela teve o rico solo da Alhambra como grandioso jazigo

As águas da límpida fonte de pétalas rubras foram tingidas!

Anankhe
Enviado por Anankhe em 09/02/2012
Código do texto: T3489500
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