NOITE SAUDOSA

À noite, que na Terra se assenta mansamente,
Com seu silêncio sombrio, pálido e acolhedor,
A escuridão profunda e impávida que a tudo cerca,
Invade o âmago de minha alma com sentimentos nus.

Nos seus braços negros, de ilha torno-me mais ilha,
E meu ser se encanta escondido da luz, em reflexões mágicas,
Saudosas, insanas e torpes talvez, como a própria noite,
Que em sono bruto, do homem indigno, rouba a luz e a razão.

Estou no coração da noite densa, com o olhar descobiçado.
Nem triste, nem alegre, apenas um olhar no reino sem palavras.
E de que valem as palavras contidas nos discursos dos homens,
Ou nas doces juras de amor, proferidas pelas donzelas?

Neste silêncio ansiado durante o dia, que agora reina supremo,
Sentindo o vento constante e suave a tocar meu ser enudecido,
Dissolvida entre os desvarios todos, surge em minha mente aquela mulher
Trazida pelo cheiro da dama-da-noite florida sob a qual me sento.

Imagino onde estará à bela se abrigando do abraço negro da noite.
Na lembrança, aprimora-se a vontade de tê-la novamente em meus braços,
E, num lamento silencioso, sinto sua presença na saudade que me invade,
Em forte fulgor, como as estrelas que agora atiçam o firmamento.

Acesa a chama pela lembrança embriagadora da minha amada,
Em um suspiro de lamento, preencho-me também da escuridão da noite,
Em busca do esvaziamento e do remédio para a dor da perda eterna
Da linda mulher, que agora deve estar repousando em outros braços.


Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 31/01/2012
Reeditado em 19/08/2013
Código do texto: T3472547
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