JOIA BOREAL (Parte II)

Extenuada pelas lágrimas vertidas em desalento

A bela encarcerada entrega-se ao sono bendito

No leito de cristais e conchas, chega o momento

De conhecer o destino que há muito estava escrito.

Nítida imagem nimbada de incrível luz iridescente

Longe de sonho, era presença de todo verdadeira

Retrato vivo da jovem, acerca-se da padecente

Encantadora mulher que lhe sussurrou à cabeceira:

"Teus sofrimentos logo findarão, minha filha amada!

Bênção que não pude ter em meus frágeis braços

Parti no momento em que tu eras recém-chegada

Pro mundo invisível, deixando-te sem meu regaço.

O cruel Feiticeiro oprime o povo da Superfície

Bravo Reino do qual és a herdeira última e legítima

Nossa família foi destruída pela pérfida imundície

Do nigromante traidor que logo a fará sua vítima!

No último dia em que a Lua sua face esconder

Consumar-se-á o teu décimo quinto aniversário

O bruxo não pôde matar-te quando a viu nascer

Diz-se teu pai mas é teu ferrenho adversário!

Apoderou-se de ti, na pretensão de anular a profecia

Para conjurar um feitiço com sangue puro de donzela

De linhagem real, e num rito da mais negra magia

Tornar-se imortal, cobrindo o mundo de mazelas!"

Continua...

Anankhe
Enviado por Anankhe em 11/01/2012
Reeditado em 26/03/2012
Código do texto: T3435456
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