LILITH

Eu sou aquela que reúne todas as condenações

Pois do Éden exilei-me, insubmissa, só e amarga

Do pó da terra criada, ousei transpor os portões

Áridas plagas trilhei, do Mal carreguei a marca.

Por recusar a vil sujeição ao primeiro homem

Julgaram-me demônio, arauto de destruição

Rainha das trevas que dominam e consomem

Estéril cortesã a atrair para um mar de corrupção!

Disseram que meu ventre seco nada podia gerar

Senão criaturas nefandas, assim como eu própria

Negros abismos selados, furnas que são meu lar

Monstro de luxúria, entre os casais gera a discórdia!

Mostrei-me vingativa, ao retornar furtiva ao Paraíso

Pintaram-me como a serpe que provocou a Queda

Malícia e inveja, destilando veneno letal e preciso

A morte tornou-se a companheira de Adão e Eva.

As portas do Jardim foram fechadas pela eternidade

Para mim, a Feiticeira que trouxe o engano ao mundo

Dizem que forço as janelas dos sonhos da humanidade

Para atormentar aqueles a quem devo o útero infecundo.

Injuriaram-me, afirmando que espalho pragas ao vento

Que arrebato as crianças, exaurindo-as como um vampiro

Em terríveis pesadelos obrigo os jovens em ato violento

A mortais abraços, a lhes roubar a força até o último suspiro!

Mas, oh! A História foi escrita pelos homens, aos quais ameaço!

Pois sou parte deles também, embora jamais venham a admitir

Eu torno o ferro impotente, sem utilidade o seu precioso aço

Ao lembrar que de carne e sangue são feitos e podem se ferir.

Sempre estarei presente, como uma sombra que se arrasta

Em busca da Luz que foi distribuída por Deus em partes iguais

Serpe, demônio, bruxa, coruja que traz influências nefastas

Oculta a seus olhos seguirei, mas esquecida, não serei jamais!

Anankhe
Enviado por Anankhe em 28/12/2011
Reeditado em 07/01/2012
Código do texto: T3411406
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