Lamentos de um Octagenário

Ai! Que fardo pesado o que carrego...

Esquecido, quase surdo e meio cego.

Uso um troço n’ouvido e pouco converso,

Apontando pra ele há sempre um perverso!

Corpo sentido, mente fraca, sem sentido

Também ficam a vida e as filosofias.

Não importa mais o que não é entendido,

Entretido que fico com as patologias:

Diabetes, enfizema, osteoporose,

Rinite, safenas, gripe, osteartrose,

Mau disso, mau daquilo, pressão, depressão...

Minha vida, lenta e lerda, ficou uma merda!

Quão saudosamente lembro da mocidade!:

Lepidez, disposição, vigor, velocidade,

Violão, forró, festas, danças e ciclismo.

E em especial, as animadas peladas,

Que eram a alegria do tenso priapismo

E das canelas fortes, ágeis e tesadas.

Enfim, o meu passado, belo, tinha futuro,

O porvir não tem; e o presente é duro.

Pedro Cordeiro
Enviado por Pedro Cordeiro em 26/12/2011
Reeditado em 12/09/2017
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