Castelo Interior
Finalmente, abri a porta para o sol entrar
E aquecer os cantos da casa,
Da cozinha, da sala de estar.
Agora, não faz mais sentido não me expor,
Por cautela, timidez ou medo da dor.
Não estarei mais o corpo presente,
Só para disfarçar.
Fingir ser verde, sendo amarelo.
Agora, bato continência para a vida,
Cicatrizo minha própria ferida,
E travo meu próprio duelo.
Não preciso de martelos e picaretas,
Eu já sei extinguir as labaredas,
Desobstruir os acessos,
Intimar a força e a felicidade,
Convocar o amor.
Simplificar os processos,
Repreender a tristeza,
Despedir a dor.
Agora, eu escolho os convidados
Que entrarão em meu castelo.
Afinal, foi árduo o trabalho
De arejar os cômodos,
Emendar os atalhos,
E fortalecer os elos.