Poesia concreta
A dor na alma, sem motivo aparente,
É que me faz um homem demente.
Eu corro e berro pelas ruas tristonho
Pra você ver que isto não é um sonho.
Eu vomito e escarro nas latrinas,
Me apodreço por entre as ruínas,
Me mostro um mostrengo transparente
E você continua a ver-me contente.
Ó desgraçada inútil, o que hei de fazer,
Pra você perceber a minha angústia?
Esta dor vil, cruel e sem astúcia.
Esta é a natureza morta do ser.
É a vil morte, sem a devida sorte.
É a poesia concreta da nossa morte.