Poesia concreta

A dor na alma, sem motivo aparente,

É que me faz um homem demente.

Eu corro e berro pelas ruas tristonho

Pra você ver que isto não é um sonho.

Eu vomito e escarro nas latrinas,

Me apodreço por entre as ruínas,

Me mostro um mostrengo transparente

E você continua a ver-me contente.

Ó desgraçada inútil, o que hei de fazer,

Pra você perceber a minha angústia?

Esta dor vil, cruel e sem astúcia.

Esta é a natureza morta do ser.

É a vil morte, sem a devida sorte.

É a poesia concreta da nossa morte.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 03/01/2007
Reeditado em 25/09/2023
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