Máquina breve

O pequeno vaga-lume

com sua verde lanterna,

que passava pela sombra

inquietando a flor e a treva

— meteoro da noite, humilde,

dos horizontes da relva;

o pequeno vaga-lume,

queimada a sua lanterna,

jaz carbonizado e triste

e qualquer brisa o carrega:

mortalha de exíguas franjas

que foi seu corpo de festa.

Parecia uma esmeralda

e é um ponto negro na pedra.

Foi luz alada, pequena

estrela em rápida seta.

Quebrou-se a máquina breve

na precipitada queda.

E o maior sábio do mundo

sabe que não a conserta.

Cecilia Meireles
Enviado por Maria José Araujo Rosa em 20/11/2011
Código do texto: T3346976