DESENCANTO

Olhos concretos
Cansados/desertos
Ar sem ar
Braços abertos
No alto lugar
Na beira do cisma
No limite
Do próprio in
Distante de prisma
Perto do fim
Perdeu o lume
O perfume
Da vida
Volteou no cume
Da estranheza
Dispensou palpite
Inventou
Sua própria certeza
E voou
Ou se atirou
Em si/em nada
Fragmentada
Desencantada
Com tudo
Absurdo?


- - - - - -

LIBERTAÇÃO

Na mesmice da rotina
cansou de viver a sina
que foi-lhe dada ao nascer.
Subiu alto, buscou ar,
precisava respirar
um outro amanhecer.
Na estranheza
da incerteza
subiu escadas ao vento
libertou o pensamento
e mergulhou sem sentir,
pois só queria fugir
do absurdo que é surdo
aos seus pedidos, sentidos,
do deserto a descoberto,
do cansaço em descompasso.
Abriu correntes e nós.
Voou livre, foi empós...

(HLuna)