O GRITO
É com o preto que eu pinto,
Com o preto mais escuro, mais retinto,
Mais forte que o meu grito,
Grito que ecoa no infinito.
É no escuro que eu canto,
Escuro como este pranto,
Pranto preto, esquisito,
Sofrido como meu grito,
Grito que ecoa no infinito.
É sem esperança e sem crença,
Numa fé preta, como a mureta,
Mureta que prende meu grito,
Sofrido e esquisito,
Que ecoa até o infinito.
E eu grito.
E eu grito.
Ninguém me ouve.
Só o infinito.