PEDAÇOS

O olhar pisca, o coração arrisca,
A alma divaga... risca,
O vertiginoso vão,
Busca no ontem o que é,
Algo que restou daquela mulher,
Que acreditava na vida,
Mas, que hoje sem encontra perdida,
Nas entrelinhas da realidade,
Sem saber o que fazer,
Com essa densidade,
Com essa clausura,
Essa imensidade,
Transmutada em solidão.
Sem saber o que fazer,
Com essa escuridão entreaberta,
Essa poesia concreta,
Pousada no não ser,
Esses pedaços de si pelo chão.
Sem saber o que fazer,
Com essa interrogação,
Que lhe atormenta,
Esse tempo que venta,
No contorno da figura,
Com esses preâmbulos.
Sem saber o que fazer,
Com esse deserto,
Com tantos ângulos,
Sem vértices - abertos,
Apontados para nenhum lugar.
. . .
Sabe é que lhe falta o ar,
E que está perto, bem perto,
Da loucura.

- - - - - - - - - -

DEMÊNCIA 

Em pedaços me desfaço, 
corpo, alma, coração, 
sem saber o que fazer, 
nessa ânsia de querer,
reviver a emoção,
do amor - foi o primeiro, 
e do abraço - o derradeiro.

 Impossível prosseguir,
nessa estranha via escura, 
esqueço, até, de sorrir: 
estou às portas da loucura.

(HLuna)