LITERATURA
NO REAL E NO VIRTUAL




 Poesia online
                             
Tania Orsi Vargas


Liguei o computador
busquei a internet
navego com o explorer
como barco doido à deriva
estrelas em bites e megabites
céus estrelados de sites
busquei tua URL e apontei
a flechinha do mouse
 na folha em branco escrevi
SAUDADE
e no meu peito borbulhou
o coração

Enquanto isso no meu cérebro
aconteciam mistérios de máquina...
...a que estará conectada?
Ao sol, à lua, ao infinito
a um deus, energia cósmica?

Liguei o computador e agora sou
um dos 16 vírgula alguma coisa percentuais
de gente conectada à NET
Mas minha solidão é de bicho
porquanto meu sangue
não tem sentido
diante da tela fria...
Apontei a flechinha do mouse
"sou parceiro do futuro"
mas minha humanidade
gravita em tons pastéis,
e meus ouvidos ensurdecem
ao exagero dos decibéis...

E no entanto
Cyber poeta, trovador virtual
Meus  versos saltam da fria tela
direto pro teu coração
E te aquecem...

Isto sim, é revolução!


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    Em outubro de 2010 aconteceu o "Primeiro Porto ALegre Poesia", encontro nacional de poetas virtuais, na maioria do Site Recanto das Letras, mas uma iniciativa independente liderada pela Tania Alvariz eTania Orsi Vargas.  No mês de setembro já ocorrera outro em Belo Horizonte, organizado por Susana Barbi e o poeta J.Estanislau Filho.  A foto acima é de um grupo de participantes numa linda manhã  em frente ao Parque da Redenção, na capital gaúcha. Cyberpoetas  em vida real, trocando livros, poemas, e muita emoção de poder estar frente a frente.

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  Sítios  como o  Recanto das Letras, um dos muitos bem sucedidos sites literários da internet brasileira, abrigam uma infinidade de pessoas que interagem publicando, lendo e comentando textos.
       E temos  inúmeros poetas com livros publicados,  numa atividade literária que na internet conta com o espaço mais democrático já visto, aonde todos têm oportunidade de igualmente escrever, publicar, ser lidos, comentados e vender suas obras. E tal realidade já representa para as editoras tradicionais uma preocupação em oferecer melhores porpostas para não perder gradativamente espaço para toda essa concorrência.
          A internet abriu portas para todos, sem distinção. Basta ligar o computador e podemos passar direto da leitura de um Drummond ou Garcia Marquez ao mais jovem poeta que apenas tenta rabiscar uns poemas em seu blog ou num dos inúmeros sites de literatura.

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       *** BIOGRAFIA  *** 


Maria Helena Sleutjes
não sabe existir fora do poema, mas nunca pensou seriamente em publicar seus escritos até conhecer os poetas Luiz Proa e Bárbara Proa ( DO ALMA DE POETA), que prefaciaram seu livro PRESENÇA em 2001.

Escreve poesia e prosa-poética desde os doze anos de idade, mas começou publicando na área científica.
 
Escreveu também livros de literatura infanto-juvenil ( O BAÚ DAS POETAS PIRATAS, em parceria com Claudia Freire Lima ( Franco editora); Theodoro e Marina: Cartas para sentir a infância com Claudia Freire Lima (Zagodoni Editora); Ana Balão (Funalfa).
 
Em 2009 publicou CARTA, ENTÃO?: para não perder a possibilidade de encontro  (Editora Pensata), e em 2010, o  FORMAS FRACTAIS  com Cristine Guadelupe (Funalfa).
 
Em breve pretende publicar
EXERCÍCIO DE OLHAR, obra que reune poemas e prosa poética de Maria Helena, Ana Másala, João Lourenço (DA MONTANHA), Alessandra Espínola e Lázara Papandrea. Este livro lança o olhar destes poetas sobre 19 temas previamente selecionados.
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ESTADO AO VENTO

maria helena sleutjes

Ao vento
quase tudo:
sapatos
bolsas
braços e pernas
em abandono.

Ao vento
olhos de lírios
nas tardes mansas,
o perfume de brisa
na densidade
do encontro.

Ao vento
as contas de vidro
brilhando
na noite dos sonhos.

Ao vento
versos imperfeitos
como o existir
humano

Página no Recanto das Letras:
http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=2077





                 
  O AMBIENTE LITERÁRIO ON LINE
por Denis de Moraes pos- doutor em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais

(ALGUNS TRECHOS DESTACADOS DO ORIGINAL)

           

         "Devemos, porém, admitir que o mundo das letras já não gravita apenas em torno de livros impressos, prontos e acabados, nem se vincula, atavicamente, a crivos acadêmicos, aos filtros da grande mídia e às injunções do capital. Os materiais literários alastram-se pela Internet com rara e imprevista desenvoltura. A mega-rede planetária integra-os com flexibilidade para enlaçar novos conteúdos e multiplicá-los em usos partilhados, através de bases de dados e publicações eletrônicas, em constantes mutações e acréscimos, abarcando períodos históricos, gêneros, movimentos e escolas. Se a tais evidências somarmos as vantagens propiciadas pela hipervelocidade da transmissão digital, o baixo custo de produção e a substancial autonomia de veiculação que a Internet possui frente à esfera impressa, encontraremos pistas concretas para a febre literária virtual.
       A Internet dissolve a subordinação a instâncias intermediárias (acadêmicas, mediáticas ou editoriais) e descentraliza os processos de edição, difusão e consumo de textos. Ao menos até aqui, inexistem hierarquias, comandos centrais ou limites preestabelecidos. A figura do autor reacende em importância estratégica: pode ser seu próprio editor e distribuidor; pode alterar ou atualizar as suas obras sem custo adicional; pode divulgar e debater o que produz por correio eletrônico, em listas de discussão, boletins e anéis de sites.

"O poeta Stéphane Mallarmé pensou que ‘o mundo existe para acabar em um livro’. Agora, estamos em condições de poder ir mais além e transferir todo o espetáculo para a memória de um computador", sentenciava McLuhan. (10)

Se vivo fosse, o teórico canadense estaria publicando seus livros, como a autenticar o fracasso de seu vaticínio.
Em contrapartida, a revolução informacional confirmaria a sua pressuposição de que as redes eletrônicas se incumbiriam de projetar para fora do cérebro humano
"um vivo retrato do sistema nervoso central, interligando as atividades cotidianas como feixes de neurônios. "

Fábio Lucas, ex-presidente da União Brasileira dos Escritores diz que:

"O tempo da produção literária nem sempre se coaduna com a velocidade de acesso às matrizes do saber. O vagar da reflexão crítica e da elaboração artesanal da obra se choca com a fugacidade das impressões da era da imagem. Uma coisa é o prazer da demorada leitura de um texto literário, sua fruição estética; outra coisa o deleite vertiginoso de um videoclipe. A literatura necessita de pausas, enquanto a linguagem da publicidade vive do bombardeio ininterrupto de mensagens sobre o consumidor potencial aturdido." (12) 

O livro impresso não perdeu e nem perderá a sua vitalidade. (...)sua durabilidade não está sujeita aos ciclos de obsolescência tecnológica, como pode ocorrer, por exemplo, com um CD-ROM (títulos impressos há séculos continuam legíveis).  Ler diante da tela cansa, dificulta a concentração e às vezes entedia. Entretanto, o texto exibido no monitor pode chegar ao papel e ser lido na praia ou no táxi — basta apertar o botão para a impressora materializá-lo. Ainda assim, o conforto proporcionado pelo desfrute do livro dificilmente será ultrapassado pelo mais leve e funcional dos computadores portáteis.

Por que necessitamos de livros?
 
Derrick de Kerckhove responde com uma analogia entre o ritmo febril dos bits e a leitura cadenciada no papel.

 "O diferencial da literatura consistiria em contrapor-se à velocidade dos sistemas eletrônicos, devolvendo as pausas e o tempo necessário ao mergulho na imaginação. A obra impressa funcionaria como "desacelerador consumado", como explica: "O livro é fixo, estável e estabelecido, e esta estabilidade é crucial.
Porque hoje o desafio não é acelerar a informação, mas torná-la mais lenta. (...) Nossa cultura é absolutamente obcecada em acelerar todos os aspectos das atividades humanas e as formas de nos relacionarmos com elas. O que precisamos é desacelerar e construir sentidos no nosso relacionamento com a informação, para negociar com ela em um ritmo adequado.  No ambiente eletrônico, o papel dos livros é, então, o de desacelerar a informação e, subseqüentemente, acelerar o pensamento, dando às pessoas tempo para pensar sobre isto e tornar o processo de leitura um capacitador de conhecimento." (15) "


Revista Cyberlegenda, a litertura no espaço virtual

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http://www.sobresites.com/poesia/contemp1.htm

Blog em destaque:
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http://cordasensivel.blogspot.com/


    

                                 



 
tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 12/05/2011
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