Ao amor

Beije a alma nua, que é tua,

Chegue e fique, perfume acabado,

Na rua.

Se és meu e se sou tua,

Ver teu pranto, cantado

É feitiço, luz da lua.

Dor que punge, desejada,

Som da vida, repetida.

Dracma procurada,

Nula, veia rompida.

Em todas as línguas, te encontras,

E quatro vezes envenena, sentencia.

Sopra a baixo, suga, desmonta,

Nota de melancolia.

E sem ti, angústia improvável,

Não há letra nem canto,

Desprovido

Sem ti, amor desassossegado,

Não há vida no vínculo rompido.