SEMENTES D'ALMA



Estes versos que escrevo são nuances do meu viver,
Íntimos retalhos do que sou.

Esta alma que desnudo é a abstração do meu verso,
Tal fagulhas da semente natural semeada por alguém
que plantava velhas canções em árido solo do grande universo
e que em meu ser germinou.

Esta ode em disritmia é retrato fiel do mais concreto eu,
No mais angustiante relento.
Estas falhas e enrugadas rimas são resultado da ação do tempo,
do amor e da paixão que em mim feneceu.

Este esmaecido versejar são sementes da alma que escapam
do hermético reator da poética inspiração.
São desbotadas cores de ressequidas flores
cultivadas no jardim da solidão.
São centelhas de sentimentos que desprendem-se em fuga da prisão do existir.

Este meu poemar são sementes d'alma, sim!
Estas vírgulas que solfejo e estes pontos que versejo
Nada mais são do que autênticos pedaços de mim.