Sem argumento

Quando a morte me levar

Irei com grande desgosto

Se não quer acreditar

Bastará olhar meu rosto

Verás numa cara pálida

Plantada desilusão

De quem parte desta vida

Com mágoa no coração

Não é mágoa específica

Por gente da relação

A dor deveras sentida

Dói pela ingratidão

Desta morte atrevida

Que chega sem avisar

Não nos dá alternativa

Nem aceita argumentar

A mágoa agora sentida

É pela falta de sorte

Em pleno goza da vida

Dar de cara com a morte!

Não há cristão que aceite

Tal traição do destino

Estando em pleno deleite

Sentindo-se um menino

Com o futuro à sua frente

Todo aberto a lhe sorrir

E ver assim bestamente

A vida lhe sumir

E se sentir nesta inércia

Deitado neste caixão

Que nem se quer escolhi

Foi me dado de roldão

Já que não tenho escolha

Terei de lhe acompanhar

Eu não te darei sossego

Tu vai ter de me aguentar

Não irás voltar atrás?

Não vai me ressuscitar?

Não ficará um segundo

Sem me ouvir reclamar

E não estarei sozinho

Pois na terra há de ficar

Parentes, amigos, vizinhos.

Todos a reclamar

Ele era tão bonzinho...

Tão jovem!

Tão...

Morte estúpida!

cristovão ferreira
Enviado por cristovão ferreira em 02/03/2011
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