Um verso e um palito

Um verso e um palito

acesos fazem um estrago,

acendem uma manhã,

e guardam cinzas pra tarde

Rasgam uma folha parte a parte

rompem a largura, subvertem ângulos

frustram as tentativas, de chapéu

e um barquinho a vela

Um verso e um palito

poupam esforços, das mãos anônimas

que considero homônimas

mas vendo bem, são diferentes

Aquilo que detrás dessas lentes grossas

agora vês , pode ser de outro a vez

observe bem, nada temos só nosso

que não seja corroído e traçado

É a mágica de todo dia

que atravessa ruas, praças, banquinhos

e decisões, nada se perde apenas,

se recria sem ser sentido

A folha em sua forma original,

o oxigênio,

a fumaça que agarra as narinas

cinzas cinzas,

do que já não queremos

mas ainda temos

viram cinzas.

Márcio Diniz
Enviado por Márcio Diniz em 22/02/2011
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