NOSSA VELHA MÃE TERRA
Velha mãe terra
Que sofre igual toda mãe
Bilhões de anos em constante gestação
Sempre gerando mais filhos e pão
Trilhões de vidas que dela se nutrem
Que do seu seio se alimentam
E a velha mãe terra
Cansada de guerra aqui e ali
De quando em vez surta
Por causa do desamor
Dos filhos que ela cuidou
Mas que da velha mãe não cuidam
E a velha mãe terra chora
E as lágrimas produzem rachaduras
Em suas entranhas
Que se fazem terremotos, enchentes e tsunamis
Conseqüências da ingratidão global
Do capital que a espolia impiedosamente
O mercado é um maníaco
Que estupra a velha mãe
Filhos que a exploram e a consomem
E que sugam suas tetas sem parar
E que surfam na riqueza desigual
De uma onda cujo fim será fatal
Velha mãe terra
Que se enfraquece e explode
Que por não receber cuidados
Ao definhar-se em prantos
Soltando gritos de dor
Absorve em refluxo o desamor
E a velha mãe terra
Sem o seu verdor natural
Com seus rios e mares sujos e degradados
Já respira lentamente
E o seu ventre já não suporta
Tantos estupros e perversões
A velha mãe terra mesmo assim
Ainda preserva um rosto bonito
De uma mãe que sofre e ama
E no seu leito universal de dor
Ainda clama e clama
Para que seus filhos reajam com amor
E que a reação seja amorosa
Sem armas e sem fronteiras
Filhos de uma mesma mãe
Que precisam do seu colo
Vivendo e deixando viver
Aprendendo e ensinando
Filhos da velha mãe terra
Não há como viver se ela morrer
Ou mudamos ou morremos todos
Pela falência universal
No genocídio global
Das mazelas do capital