(RE) CANTO DO SILÊNCIO

Há um silêncio que grita querendo verbalizar

As coisas que nos conflitam e que não querem calar

Se no externo há silêncio

No interior não há

Não há como amordaçar a mente

Que não pára de pensar

Quantas vezes o externo

O inferno do cotidiano social

Impõe-nos grades e correntes

Camisas de força que limitam a gente

Mas há uma força mesmo no silêncio

Que pode aflorar a qualquer momento

Um poder mental irrompe no silêncio

Como o efeito de um grito sobre o fino cristal

Eclode e sacode como larvas do vulcão existencial

Acorda o adormecido que brota da sublime quietude

Um novo olhar e novas atitudes dão novo sentido

Ao silêncio refletido de ser terra água fogo e ar

Os elementos do silêncio dão natureza viva

E vivifica a natureza que decanta sobre o caos

A "minha natureza" quantas vezes ferindo ferida

A "nossa natureza" quantas vezes ferida ferindo

A biodiversidade sufocada e oprimida

Pelo meu e o nosso desprezo à vida

Do silêncio da "caverna" o ser vivo se recria

A tênue luz de esperança configura um novo dia

Evolui a real alegoria do ser em movimento

Que o pensamento - processo do silêncio - anuncia

Que rede pode acolher o movimento que o silêncio produz?

Que movimento pode brotar no “recanto” do silêncio que quer gritar?