Alucinação

Na neblina intensa

Arrisquei imensa

Dor que não sentia

Na febre que fazia

Queixo a tremer

Logo ali jazia

Nada repartia

Corpo a arder. Já na mão a pena

Pensa em escrever

A velar a cena

Mas e tão pequena

No peito a gemer

A paz e a solidão

Não consegue ver

Tudo e escuridão. E na imensidão

Do amanhecer

Lá de longe o mar

Fica a escutar

E sem perceber

Vem a inspirar

Mesmo sendo triste

Mais uma canção.

Dizendo que existe

Em cada coração

Sem nenhuma ilusão

Mesmo do mais cruel

Do que tem mais fel

Uma simples gota

De cisterna rota

Do amor do céu.

E que vale a pena

Descrever a cena

Daquela morena

Já despindo o véu

Febre a ocultar

No Infeliz a realidade

Que na mente vem

Como uma verdade.

Oh! Dor que vem

E cedo não vai

Sucumbindo a alma

E tirando a calma

Confusão a me angustiar

Triste e enfadonha vida

Terrível e detestável lida

Morte, venha me levar.