TEMPO

Chronos, cruel serpente

Depositas em mim tuas marcas

Dos meus olhos cansados desembarcas:

Metade bicho e outra gente

És veneno e remédio

Dorme meu riso em teus braços

Onde sempre descobres espaços

Para tirar-me do tédio

Sangra-me em teu berço

E bebes minhas dores

Levando contigo os amores

Que ontem nem hoje mereço

Aqui nessas linhas que rasgo

E transformo-te em rima pobre

Querendo também ser nobre

E padecer desse engasgo.