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Lúcia :
Recebi os originais desse livro inédito, formatei-o e (dentre vários afazeres) comecei a lê-lo... e me surpreender com a tua competência literária.
Agradeço a gentileza e a confiança.
Transcrevo, dele, alguns trabalhos:
Auto retrato
Breve réquiem para uma árvore
Caminho
Celebração
Des-ordem da Palavra
Destino
Epifania
Magnificat
Rorejando
Silêncios de Outono
Tão Simples
Tonante
Um lírio do campo
Umbrais
Deixe-me
Auto retrato
Crês que sou forte.
Porém sou apenas
e tão somente
uma gota d’água
no alpendre da alma
que cai sobre um vaso
pela manhã
antes do sol nascer.
E quando os pássaros
abrem suas asas para o vôo
do amanhecer,
eu sonho o céu
e quero voar também...
Porém me estendo
sobre a terra
e desapareço
para nutrir uma raiz.
Uma raiz sensível,
para que algo de mim
renasça, num clarão de dia,
numa singela folha verde
voltada para o sol.
Breve réquiem para uma árvore
No pálido chão da noite,
nenhum olho vivente talvez consiga ver
a hemorragia do teu corpo sobre as tuas folhas
agora estéreis.
E agonizas sem palavra amiga,
tendo a lua e as estrelas por testemunhas.
O negro véu sobre os campos nus
molda as silhuetas dos teus carrascos.
Teu lar destruído pelo apocalipse do coração humano.
Podaram-te os ossos, tiraram-te os filhos,
teu jardim, tua sinfonia.
Tua travessia de círios
nos olhos daqueles que te amavam
calará os pássaros e só o silêncio fará sombra ao sol.
E naufragarão o brilho das estrelas
na tormenta da noite movediça
e insana dos tempos sem ti.
Agora te usarão para fazer uma cruz
para si mesmos.
Caminho
Para onde irei sem ti?
Uma folha, uma gota d'água
um caminho escrito, registrado.
Um tempo aspergido sobre os dias
que se movem, soberanos,
humanos, desumanos.
Onde dançarei essa canção
de ida e volta
vestida de vida
que não se compra,
não se rouba?
Sinto-me essa poeira augusta
que resguarda passos que não se seguem
em um caminho verde
levando um coração semente
entre as flores e a neve.
Celebração
Que o vento não desintegre os sonhos,
vaga-lumes errantes, talvez,
na plácida estrada da imensidão.
Elejo os raios da aurora
para que meu lar junto às fontes
resgate as asas de minha alma...
Quero migrar para além do horizonte.
Não escondo meu rosto,
nem meu sono em diapasão.
Quero somente celebrar
este pão na lua nova
e ter, por arauto,
o coração.
Destino
As chamas anelam as mãos.
Moldam um ninho
e iluminam um caminho, talvez.
Pequeno luar sobre a alma semente.
Asas balizam o coração
na curva da terra,
rumo à aura das esferas.
Talvez ainda me perca de casa
e de tudo que não conheço da luz.
Fiz do amor lei em cada rua
de minha cidade de primavera.
Na noite, desdobrarei essas asas insólitas.
Tomarão formas de estrelas
na passagem das quimeras.
Epifania
Ele passou por aqui...
Deixou
o ar imantado de sonhos,
o vento bailando sobre as pedras,
cinzelando lembranças...
as dores adormecidas
entre os ciprestes,
e perfume nas camélias brancas.
Depois,
ao raiar da primeira hora,
partiu para a cidade do coração,
porque já os campos estavam plenos de sol,
e já despertavam os lavradores,
para a realização da vida.
Magnificat
Que me diz minha alma,
na eternidade apreendida
quando o anjo toca
sua sagrada lira.
Minha alma é um passo calmo
no puro sol que respira.
E a aurora declama salmos
de luz e pérolas vivas.
E a carne que é perecível
torna-se matéria ungida.
Faz-se lotus,
taça de luz,
plena de água viva.
Água, a do coração.
Água, a mais pura.
Sob estrelas
na imensidão
- oásis de ternura.
Rorejando
Não são os ramos mortos
que doem nas mãos.
É a lembrança do ninho.
Não é a candeia que se apaga,
o que doi.
É o coração que acreditava ver.
Não doi o dia nebuloso.
Nem estrelas ocultas...
O que doi
é a impermanência do rosto
que uma noite se fez
archote e esperança.
Silêncios de Outono
A verdade é delicada.
Não tenho oliveiras, nem flautas,
e a manhã do meu rosto é testemunha muda
do infinito que roubo à montanha,
quando por dentro dela me infiltro
nas trilhas dos sonhos.
Gosto dos cânticos escavados na alma,
e dos silêncios divisíveis em perfume
e sinais que não apontam caminhos,
mas resgatam a esperança.
Assim o tempo de um outono sem flautas,
mas, em cada regresso,
já um jarro d'água na varanda
dá o firmamento aos bem-te-vis.
Tão Simples
Não perdoo
esse esvaziamento de entardeceres.
Deliro dentro dessas raízes interiores
arrancadas à força, da terra,
lentamente fossilizando à luz
da lua que eu amava.
Não me converterei nesse lugar
que é todos e nenhum,
pousada dentro da dor e da saudade.
Não perdoo essa porta petrificada
que entrincheirou meus jardins
dentro de vida nenhuma
onde nem mesmo tua sombra
já traz consolo nessa velha estrada.
Tão simples, agora...
apenas perder-me para sempre de ti
num olhar contemplativo às estrelas cúmplices
dessa noite jovem que dá abrigo
ao velho, nobre e fiel
tronco do esquecimento.
Tonante
Esperei as primeiras luzes sinalizarem
a floração da noite.
Declarei-me sobre os cristais da varanda,
à esquerda da lenda,
para não mais transformar-me em dor.
Uma tênue linha dividiu meu corpo
entre um gosto de chuva
e uma nota musical.
Sei que não sonhava.
Precisei, para ser real,
destronar meu sol.
Um lírio do campo
E partirei, um dia...
e levarei a lembrança
de ter sido um lírio do campo
onde acampou o amor, a alegria,
a tristeza, a dor.
E foi seu orvalho, o meu pranto
e o envolveu e o nutriu como flor.
E a minha alegria
deu-lhe a cor do dia
para fosse candeia
na noite do ser.
Habito um lírio do campo.
Meu ofício é viver.
Deixe-me
Meus olhos são
essas constelações inacabadas
que olham tudo
e nada veem.
Só a chuva e o frio das manhãs
as auroras tecelãs
das alegrias
mas quando chegam as nostalgias
tudo parece então
somente
uma vida vã...
Deixe-me reencontrar
esse coração perdido
há tantos séculos
num país desconhecido
numa casa de nuvem
numa rua de vidro
naquele nosso jardim sagrado
quando fazíamos parte
do paraíso.
Des-ordem da Palavra
Partir ou ficar
é a mesma coisa.
Dois lados da mesma moeda.
A linguagem chega como fantasma
de mim mesma.
E o caminho é uma flecha
que se perde no vento.
As palavras são imaginadas,
o silêncio é um sobrevivente
que se perpetua.
E eu canto uma primavera fragmentada
que se extingue à sombra das asas
das minhas próprias palavras.
Umbrais
O meu espírito revolta-se na carne.
E os meus ossos são galhos cansados
dobrados às chuvas argilosas
dos anoiteceres.
Estou com sono sobre os abismos.
Talvez tenha que cair, para existir
e aterrar o fundo de mim mesma.
Para repensar o abrigo das sementes
que se dispersaram nos umbrais.
E destruir a petrificação dos pensamentos
sobre as flores do caminho.
Meus monossílabos são o saldo do verbo
que Deus me deu por direito
como dobre de sinos em tempos de ressurreição,
ecoando pelas colunas de mim mesma,
e, às vezes, na treliça que separa os dois reinos:
o das águas dos olhos
e o da aurora inexorável.
@@@ &&& @@@
Biografia
Lúcia Constantino (Maria Lúcia Siqueira) nasceu em Curitiba. Viveu por quinze anos no Rio de Janeiro. É professora da Rede Estadual de Ensino e tradutora. Formada em Letras, cursou inglês na Georgia State University (Atlanta) e espanhol no Instituto Cultural Brasil-Argentina (RJ). Também se formou em teatro pela Escola de Teatro Martins Pena, no Rio de Janeiro.
Em 2004 lançou o livro “Asas ao Anoitecer”, com incentivo da Fundação Cultural de Curitiba e da empresa Electrolux, com prefácio da poeta, jornalista e tradutora Olga Savary (RJ). Tem trabalhos publicados na LB-Revista de Literatura Brasileira (SP), antologias, jornais, na Revista AMORC (GLP) e obteve alguns prêmios literários quando ainda residia no Rio.
Estudiosa da obra de Antoine de Saint-Exupèry, também foi consultora de pesquisa e redigiu a introdução do programa da peça “O Pequeno Príncipe”, detentora do Troféu Gralha Azul de Teatro do Paraná, em 1998.
Na Internet, participou da Antologia “Saciedade dos Poetas Vivos Digital” (Volume 8), editado pela Editora Blocos. Tem poemas publicados em sites e blogs diversos, onde também escreve sob o pseudônimo de Clara Letícia.
(O perfil acima faz parte do livro mencionado e inédito.)
Links para Lúcia na escrivaninha do Jô:
"Aos Pés do Tempo" (poesias) Poesias
Apogeu Implícito Homenagens
"Across the Garden" (poemas) Poesias > Bucólicas
Lúcia Constantino (comentários) Artigos
Lúcia :
Recebi os originais desse livro inédito, formatei-o e (dentre vários afazeres) comecei a lê-lo... e me surpreender com a tua competência literária.
Agradeço a gentileza e a confiança.
Transcrevo, dele, alguns trabalhos:
Auto retrato
Breve réquiem para uma árvore
Caminho
Celebração
Des-ordem da Palavra
Destino
Epifania
Magnificat
Rorejando
Silêncios de Outono
Tão Simples
Tonante
Um lírio do campo
Umbrais
Deixe-me
Auto retrato
Crês que sou forte.
Porém sou apenas
e tão somente
uma gota d’água
no alpendre da alma
que cai sobre um vaso
pela manhã
antes do sol nascer.
E quando os pássaros
abrem suas asas para o vôo
do amanhecer,
eu sonho o céu
e quero voar também...
Porém me estendo
sobre a terra
e desapareço
para nutrir uma raiz.
Uma raiz sensível,
para que algo de mim
renasça, num clarão de dia,
numa singela folha verde
voltada para o sol.
Breve réquiem para uma árvore
No pálido chão da noite,
nenhum olho vivente talvez consiga ver
a hemorragia do teu corpo sobre as tuas folhas
agora estéreis.
E agonizas sem palavra amiga,
tendo a lua e as estrelas por testemunhas.
O negro véu sobre os campos nus
molda as silhuetas dos teus carrascos.
Teu lar destruído pelo apocalipse do coração humano.
Podaram-te os ossos, tiraram-te os filhos,
teu jardim, tua sinfonia.
Tua travessia de círios
nos olhos daqueles que te amavam
calará os pássaros e só o silêncio fará sombra ao sol.
E naufragarão o brilho das estrelas
na tormenta da noite movediça
e insana dos tempos sem ti.
Agora te usarão para fazer uma cruz
para si mesmos.
Caminho
Para onde irei sem ti?
Uma folha, uma gota d'água
um caminho escrito, registrado.
Um tempo aspergido sobre os dias
que se movem, soberanos,
humanos, desumanos.
Onde dançarei essa canção
de ida e volta
vestida de vida
que não se compra,
não se rouba?
Sinto-me essa poeira augusta
que resguarda passos que não se seguem
em um caminho verde
levando um coração semente
entre as flores e a neve.
Celebração
Que o vento não desintegre os sonhos,
vaga-lumes errantes, talvez,
na plácida estrada da imensidão.
Elejo os raios da aurora
para que meu lar junto às fontes
resgate as asas de minha alma...
Quero migrar para além do horizonte.
Não escondo meu rosto,
nem meu sono em diapasão.
Quero somente celebrar
este pão na lua nova
e ter, por arauto,
o coração.
Destino
As chamas anelam as mãos.
Moldam um ninho
e iluminam um caminho, talvez.
Pequeno luar sobre a alma semente.
Asas balizam o coração
na curva da terra,
rumo à aura das esferas.
Talvez ainda me perca de casa
e de tudo que não conheço da luz.
Fiz do amor lei em cada rua
de minha cidade de primavera.
Na noite, desdobrarei essas asas insólitas.
Tomarão formas de estrelas
na passagem das quimeras.
Epifania
Ele passou por aqui...
Deixou
o ar imantado de sonhos,
o vento bailando sobre as pedras,
cinzelando lembranças...
as dores adormecidas
entre os ciprestes,
e perfume nas camélias brancas.
Depois,
ao raiar da primeira hora,
partiu para a cidade do coração,
porque já os campos estavam plenos de sol,
e já despertavam os lavradores,
para a realização da vida.
Magnificat
Que me diz minha alma,
na eternidade apreendida
quando o anjo toca
sua sagrada lira.
Minha alma é um passo calmo
no puro sol que respira.
E a aurora declama salmos
de luz e pérolas vivas.
E a carne que é perecível
torna-se matéria ungida.
Faz-se lotus,
taça de luz,
plena de água viva.
Água, a do coração.
Água, a mais pura.
Sob estrelas
na imensidão
- oásis de ternura.
Rorejando
Não são os ramos mortos
que doem nas mãos.
É a lembrança do ninho.
Não é a candeia que se apaga,
o que doi.
É o coração que acreditava ver.
Não doi o dia nebuloso.
Nem estrelas ocultas...
O que doi
é a impermanência do rosto
que uma noite se fez
archote e esperança.
Silêncios de Outono
A verdade é delicada.
Não tenho oliveiras, nem flautas,
e a manhã do meu rosto é testemunha muda
do infinito que roubo à montanha,
quando por dentro dela me infiltro
nas trilhas dos sonhos.
Gosto dos cânticos escavados na alma,
e dos silêncios divisíveis em perfume
e sinais que não apontam caminhos,
mas resgatam a esperança.
Assim o tempo de um outono sem flautas,
mas, em cada regresso,
já um jarro d'água na varanda
dá o firmamento aos bem-te-vis.
Tão Simples
Não perdoo
esse esvaziamento de entardeceres.
Deliro dentro dessas raízes interiores
arrancadas à força, da terra,
lentamente fossilizando à luz
da lua que eu amava.
Não me converterei nesse lugar
que é todos e nenhum,
pousada dentro da dor e da saudade.
Não perdoo essa porta petrificada
que entrincheirou meus jardins
dentro de vida nenhuma
onde nem mesmo tua sombra
já traz consolo nessa velha estrada.
Tão simples, agora...
apenas perder-me para sempre de ti
num olhar contemplativo às estrelas cúmplices
dessa noite jovem que dá abrigo
ao velho, nobre e fiel
tronco do esquecimento.
Tonante
Esperei as primeiras luzes sinalizarem
a floração da noite.
Declarei-me sobre os cristais da varanda,
à esquerda da lenda,
para não mais transformar-me em dor.
Uma tênue linha dividiu meu corpo
entre um gosto de chuva
e uma nota musical.
Sei que não sonhava.
Precisei, para ser real,
destronar meu sol.
Um lírio do campo
E partirei, um dia...
e levarei a lembrança
de ter sido um lírio do campo
onde acampou o amor, a alegria,
a tristeza, a dor.
E foi seu orvalho, o meu pranto
e o envolveu e o nutriu como flor.
E a minha alegria
deu-lhe a cor do dia
para fosse candeia
na noite do ser.
Habito um lírio do campo.
Meu ofício é viver.
Deixe-me
Meus olhos são
essas constelações inacabadas
que olham tudo
e nada veem.
Só a chuva e o frio das manhãs
as auroras tecelãs
das alegrias
mas quando chegam as nostalgias
tudo parece então
somente
uma vida vã...
Deixe-me reencontrar
esse coração perdido
há tantos séculos
num país desconhecido
numa casa de nuvem
numa rua de vidro
naquele nosso jardim sagrado
quando fazíamos parte
do paraíso.
Des-ordem da Palavra
Partir ou ficar
é a mesma coisa.
Dois lados da mesma moeda.
A linguagem chega como fantasma
de mim mesma.
E o caminho é uma flecha
que se perde no vento.
As palavras são imaginadas,
o silêncio é um sobrevivente
que se perpetua.
E eu canto uma primavera fragmentada
que se extingue à sombra das asas
das minhas próprias palavras.
Umbrais
O meu espírito revolta-se na carne.
E os meus ossos são galhos cansados
dobrados às chuvas argilosas
dos anoiteceres.
Estou com sono sobre os abismos.
Talvez tenha que cair, para existir
e aterrar o fundo de mim mesma.
Para repensar o abrigo das sementes
que se dispersaram nos umbrais.
E destruir a petrificação dos pensamentos
sobre as flores do caminho.
Meus monossílabos são o saldo do verbo
que Deus me deu por direito
como dobre de sinos em tempos de ressurreição,
ecoando pelas colunas de mim mesma,
e, às vezes, na treliça que separa os dois reinos:
o das águas dos olhos
e o da aurora inexorável.
@@@ &&& @@@
Biografia
Lúcia Constantino (Maria Lúcia Siqueira) nasceu em Curitiba. Viveu por quinze anos no Rio de Janeiro. É professora da Rede Estadual de Ensino e tradutora. Formada em Letras, cursou inglês na Georgia State University (Atlanta) e espanhol no Instituto Cultural Brasil-Argentina (RJ). Também se formou em teatro pela Escola de Teatro Martins Pena, no Rio de Janeiro.
Em 2004 lançou o livro “Asas ao Anoitecer”, com incentivo da Fundação Cultural de Curitiba e da empresa Electrolux, com prefácio da poeta, jornalista e tradutora Olga Savary (RJ). Tem trabalhos publicados na LB-Revista de Literatura Brasileira (SP), antologias, jornais, na Revista AMORC (GLP) e obteve alguns prêmios literários quando ainda residia no Rio.
Estudiosa da obra de Antoine de Saint-Exupèry, também foi consultora de pesquisa e redigiu a introdução do programa da peça “O Pequeno Príncipe”, detentora do Troféu Gralha Azul de Teatro do Paraná, em 1998.
Na Internet, participou da Antologia “Saciedade dos Poetas Vivos Digital” (Volume 8), editado pela Editora Blocos. Tem poemas publicados em sites e blogs diversos, onde também escreve sob o pseudônimo de Clara Letícia.
(O perfil acima faz parte do livro mencionado e inédito.)
Links para Lúcia na escrivaninha do Jô:
"Aos Pés do Tempo" (poesias) Poesias
Apogeu Implícito Homenagens
"Across the Garden" (poemas) Poesias > Bucólicas
Lúcia Constantino (comentários) Artigos