arranhões
Daí acordou-se santo
No meio da noite imensa
Dormiu pelado, num canto
Deixou calça e inteligência
Tenta ignorar o apelo
Da sereia que o chama
E rouba seu travesseiro
E bota espinhos na cama
Mas a sede que não pára
Porque está bem ao lado
Traz a fome que não deixa
ninguém dormir sossegado
Veste-se de outro nome
E esquenta na noite fria
Não espera que se dome
Aceitou com alegria
Descaminhos e atalhos
Da fome que consumia
Se entrega pois, se consome
Se mastiga, se extravia
E renova o codinome
com arranhões no outro dia.