Espelho, espelho meu...

Viestes de tão longe para arrebatar meu coração, com pouco tempo sem saber conseguiste, pois fui eu próprio quem o colocou em tuas mãos.

E assim sem demonstrar nenhum tipo de pretensão, foi aos poucos levando tudo de mim, e por fim se apoderou de todo o meu ser. Passei então a viver os teus desejos, tuas alegrias, e chorei por muitas vezes tuas tristezas, e dormi varias noites com tuas preocupações.

Quantas e quantas vezes acordei sem nem mesmo saber quem eu era, pois na confusão dos meus sentimentos, me vi aos poucos me perdendo de mim.

Agora que você foi embora, vivo apalpando no escuro tentando ainda achar um pouco que seja daquilo que restou de tudo que fui um dia, mas ainda fico duvidando se realmente tenha sido alguém, antes de você chegar.

E no desespero próprio da situação, onde lembranças e saudades parece correrem na contra mão, me apego a única chance que encontrei para não acabar na solidão, e neste apelo, me prendo diante do espelho numa tentativa louca de ainda poder me ver, pois tudo que ainda vejo, e por mais que desejo, não sou eu, ainda é você.