Últimos versos
Sinto os olhos mortificados e úmidos.
Rogo que o féretro seja pomposo
Sempre fui honrado, calado e tímido.
Na agudeza viçosa da juventude,
Cantei e orei sempre orgulhoso
De minhas palavras e virtudes.
Agora, homem feito e impoluto,
Encrencado neste catre de lona forte,
Crivado de manchas de mal-bruto,
Vejo que só me resta o hálito da morte.
Quando no jazigo estiver apodrecido,
Escreva um verso na pedra tumular.
Alguma coisa que eu tenha redigido.
Se puder minta que fui poeta exemplar.