Últimos versos

Sinto os olhos mortificados e úmidos.

Rogo que o féretro seja pomposo

Sempre fui honrado, calado e tímido.

Na agudeza viçosa da juventude,

Cantei e orei sempre orgulhoso

De minhas palavras e virtudes.

Agora, homem feito e impoluto,

Encrencado neste catre de lona forte,

Crivado de manchas de mal-bruto,

Vejo que só me resta o hálito da morte.

Quando no jazigo estiver apodrecido,

Escreva um verso na pedra tumular.

Alguma coisa que eu tenha redigido.

Se puder minta que fui poeta exemplar.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 21/06/2006
Código do texto: T179589
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