SUBTERFÚGIOS -     PARS  TERTIA   (TERCEIRA PARTE)

Há mistérios sem lida na janela,
Como há um fundo poço
No fundo do poço fundo,
E tu és a janela pela qual
Eu contemplo o mundo.
Olho longamente da janela:
Horizontes que não vejo mais,
Pois é noite. Sim, creio
Que Deus tenha criado tudo
O que lá fora está.
 
Com os olhos imaginativamente
Caminhei até o fim da rua
Das crianças brincando o pega
E como lá não havia nada
Exceto solidão noturna,
Fiz meia-volta,
Pus-me de regresso;
Voltei atrás, decidido,
Certo, seguro, triunfal,
Pois lá não havia nada mesmo.
 
Quando a gente se vê
Como a semente pisoteada,
Aspirações revoltas, ferido,
Doído, Eros cativo,
A gente sonha, nos vagos
Da noite, com um perdão.
 
No escuro do quarto dentro
Algo em mim soluçou;
Volto-me depressa a quem;
A estrela não se apagou.
Renascer um tempo em mim . . .
Só luz sou.
 
Que idade teria Eros?
Três, sete, vinte, anos?
Ou mais? Dúvida que confunde
As delimitações de meu amor.
Ah, Eros, surge de onde for,
Acolhe-me em teu lar,
Inventa uma brisa,
Torna-me cantor.



Leituras sugeridas: "Primeira parte" e "Segunda parte", é óbvio, se não você perde o bonde do poema.