VERDADES E MENTIRAS 

Pobre coitado
Atormentado na vida
Do coração, mal lembrado,
Deixou de partida.

Foi por acaso
Quando na lama vivia
De copo em copo gritava
Somente a morte o queria.

Ela, como quem vem do céu,
Saltou da pena a paixão
Ergueu-lhe nos braços
Tirando-lhe do caixão.

Das beiras de esquina
Do roto e maltrapilho estado
Fez-lhe homem e poesia
Como jamais havia estado.

Mas ingrata é a vida
Sobrou gratidão, mas não amor
E juntos caminham um carinho
Como doce sem sabor.

Nele a retidão dos gestos
Como herança maldita
Ser homem sem remédio
A mulher que lhe deu a vida.

E como poeta, soltou a escrita
Livre pelos encantos alheios
Tornou-se alma bendita
De outros olhos faceiros.

Preso entre duas vontades
Pela graça e pela desgraça
Calar-se entre paredes
O coração como mordaça.

E como há outras dores
De dois amores foi carrasco
Não há como servir dois senhores
Sem conceber seu próprio fiasco.

E como história
Sobraram três vidas marcadas
Três caminhos confusos
Três pedras lascadas.

Não há desculpas na vida
Quando se chega ao fim
Nem recomeço que seja
Se há magoa assim.


SÃO RIMAS DE DESGOSTO, POSTO QUE, NÃO HÁ CONVICÃO
SÃO RIMAS PASSAGEIRAS, RIMAS POBRES DO CORAÇÃO

Jose Carlos Cavalcante
Enviado por Jose Carlos Cavalcante em 08/06/2006
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