Gotas do que já vivi
o que sou
o que tenho
o que vivo
o que grito
cresci em sonhos... vivi em respeito
sempre dentro de uma ostra
enquanto vc brincava com seus amiguinhos na rua
eu brincava em casa sozinha e assistia TV cultura
Depois você saía com seus amigos, dormia na casa deles
viajava... se reuniam em festas
comigo eram só horarios a serem cumpridos e lugares proibidos
você ria rodeado do calor das pessoas
eu só tenho meu quarto escuro... e por vezes deitava na cama
para ouvir musica, era melhor do que sentar e chorar por todas as
coisas que poderiam acontecer e não aconteceram
com isso me prendi em livros... e num vicio de escrever e descrever
já escrevi para o presidente e até para o alienígena que perturba meu mundo
com o tempo aprendi a detestar a televisão e o tedio que a mesma me causa
tão retrogrado... alimentar mentes com futilidade, perdi toda minha paciência.
Com isso, aproximei-me de Deus... conheci varios de Seus segredos
e mesmo assim, ainda é tão solitario estar aqui
Cresci desconfiada, por mais que tente não consigo expressar-me
não sei até onde posso confiar-te algo... e eu nunca confio
tudo guardado em mim só em mim
cadernos e cadernos rasgados e queimados
não sei o porquê... minha vida toda, só confiei... só converso com uma só pessoa, este tem meu coração em suas mãos... e ainda há tanto a contar-te.
E por ser fechada... por calar-me por vezes
retenho minhas tristezas, meus problemas que são só meus
e é isso que me dá dor de estomago
meu coração se despedaça e lá vem o nó na garganta
A dor de cabeça, por vezes é psicológico
fica tudo tão comprimido aqui dentro
que explode e a dor física se torna real
E quando tudo se resolve, não é só dizer:
"ei estomago, pára de reclamar... está tudo bem"
ou
"ei cabeça, não doa por isso, está tudo no lugar certo"
Não tenho imunidade baixa...
quando sinto dor (quase sempre)
é porque me transborda os pesares que tanto retenho
Por vezes o amor me machucou
Todas minhas amizades já me dilaceraram
Sangrei até perdoar
Me sinto em uma ostra
sempre trancada... a vida toda solitária
sofrendo mutação
até o dia, em que você veio libertar-me e tomar está perola para si
cuida de mim?
insana, confusa, perdida... só precisando conversar no silencio de seu colo
Estar aqui é sempre tão difícil tendo cautela para respirar e não sufocar
Olhar em volta e não ver mais que a escuridão, ouvindo gritos de fantasmas que insistem em não nos deixar
As ondas vem a cada dia sobre mim, como vem sobre as rochas... mesmo estando firme, uma hora essa rocha se desgasta pelas diversas ondas
e já não sei mais o quanto posso resistir
Ventanias e temporais incessantes, sempre um após o outro sem trégua... já estou a enlouquecer... estes não me deixam descansar
Mesmo assim estou de pé.
Não tenho idéia do que valeu viver assim, ser assim... mas respeito
Não tenho nada além de um sonho e uma inesgotável fé,
fé está que já duvidei diversas vezes... e por isso sei que é viva e real em mim
Isso me faz insistir em estar aqui, acreditar, que não é só isso... que tudo pelo que vivo tem um propósito e que estou no centro de Sua vontade
Tua vontade que me confunde por vezes, até mesmo dançar não me traz um sorriso pleno, olho a minha volta e cade meu ministerio?
Você sabe... eu quero muito mais que apenas viver
Entre você e eu...
Enquanto tu estavas a sorrir, eu já estive clamando pela morte por tamanha dor e desilusão que já senti... Mas Ele me sustentou
Já andei sobre as aguas e não tive medo de me afogar
Mesmo sentindo o vendaval me fazer tremer
mantive os olhos fixos em Ti
Você sabe... eu quero muito mais que apenas viver
é preciso viver, não somente existir