DESERTEAR

Adoro paisagens abundantes. Amazônia, Cordilheira dos Andes, os Alpes Suíços, o Monte Everest, as praias vazias, vales...

Mas algo diferente acontece quando olho para as Pirâmides, lá no Egito, ou para um pedaço de muro desabado, ou uma extensão de areais desérticos.

O deserto simplesmente me fascina.

Ouço o seu silêncio cheio de rumores e me extasio.

Fecho os olhos e sinto aquele sol me queimando, sinto o cheiro e o gosto da areia, me vejo pisando uma terra diferente, quente, argilosa,

andando sobre um todo de uma cor só, dourado de sol e areia.

Sou então invadida por uma saudade de não sei quê; me dá vontade de abraçar a não sei quem.

Gosto com certeza absoluta e absurda do deserto. Apenas sei que gosto.

Talvez por que ele seja como eu - gosta de ESTAR SÓ, mas não de SER SÓ, e por isso, deixa surgir aqui e ali, um oásis, para que, de quando em vez, haja festa em sua alma pra lá de solitária.

Talvez por que ele mude as dunas de lugar, não as deixando ser o lugar favorito de ninguém.

Não deixa que ninguém perturbe o seu ESTAR sozinho.

É. Eu penso demais. Viajo sem parar. É tão bom pensar! É bom demais!

Difícil é registrar os pensamentos que são mais rápidos que a luz, quando a mão alcança apenas a velocidade do som.

Falar também demora, esgota, perturba o silêncio.

O bom mesmo é pensar...viajar...desertear...

Isabel Damasceno
Enviado por Isabel Damasceno em 24/05/2009
Reeditado em 08/06/2011
Código do texto: T1612755
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